REST vs GraphQL vs gRPC: Escolhendo a Melhor Solução para sua API
Introdução
Olá, devs!
APIs são uma parte essencial do desenvolvimento moderno e atualmente existem 3 principais formas de se comunicar com elas: REST, GraphQL e gRPC.
Neste post, nós faremos um overview em cada uma delas, entenderemos suas diferenças, vantagens e desvantagens, tudo para ajudar você a escolher a melhor solução para o seu projeto.
Bora?
O que é REST?
REST (Representational State Transfer) é uma arquitetura para desenvolvimento de sistemas distribuídos que utiliza o protocolo HTTP para comunicação entre cliente e servidor. Criado por Roy Fielding em sua tese de doutorado em 2000, REST se tornou a base de grande parte das APIs modernas, especialmente devido à sua simplicidade e à facilidade de adoção.
As APIs RESTful funcionam através de recursos que são representados por URLs, utilizando métodos HTTP (como GET, POST, PUT e DELETE – você pode ver em detalhes cada um deles aqui) para realizar operações sobre esses recursos. Uma das grandes vantagens do REST é a sua independência de linguagem e formato de dados, geralmente utilizando JSON para a troca de informações, mas também podendo trabalhar com XML, YAML, entre outros.
REST é amplamente utilizado devido à sua compatibilidade com praticamente qualquer tecnologia web. Além disso, ele oferece uma estrutura de fácil compreensão, o que é ótimo tanto para desenvolvedores iniciantes quanto para equipes grandes.
O que é GraphQL?
Podemos dizer que GraphQL é uma linguagem de consulta para APIs e um runtime para lidar com elas. Foi desenvolvido internamente pelo Facebook em 2012 e tornado open-source em 2015. Diferente de REST, onde a estrutura dos dados retornados é fixa, o GraphQL permite que o cliente especifique exatamente quais dados precisa, tornando a comunicação mais eficiente.
Uma das principais características do GraphQL é a sua flexibilidade. Em vez de várias chamadas de API para diferentes endpoints (como seria o caso em REST), o GraphQL permite que o cliente solicite múltiplos recursos em uma única requisição, reduzindo a quantidade de dados transferidos e melhorando a performance da aplicação.
No entanto, essa flexibilidade pode se tornar uma faca de dois gumes. Implementar GraphQL pode ser mais complexo, e se a consulta não for bem projetada, pode resultar em sobrecarga no servidor, já que ele precisa resolver todos os campos solicitados de uma vez.
Por isso, GraphQL é especialmente útil em cenários onde o front-end precisa de dados variados ou quando o objetivo é evitar o excesso de requisições para a API.
O que é gRPC?
gRPC é um framework de comunicação desenvolvido pelo Google que utiliza o protocolo HTTP/2 para transporte de dados e Protobuf (Protocol Buffers) para a serialização dos mesmos. É o mais jovenzinho entre os três e foi lançado em 2015, sendo uma ótima escolha para sistemas de microserviços e aplicações que requerem baixa latência e alta performance.
Uma das grandes vantagens do gRPC é a capacidade de realizar chamadas diretas entre métodos de diferentes serviços (Remote Procedure Calls – RPC), como se todos estivessem na mesma máquina. Isso, junto com o suporte ao streaming de dados bidirecional, torna o gRPC ideal para aplicações em tempo real, como uma transmissão de vídeo.
No entanto, o gRPC é mais complexo de implementar comparado ao REST e ao GraphQL, e sua adoção pode exigir uma curva de aprendizado significativa, especialmente em equipes acostumadas com padrões HTTP simples. Além disso, a serialização com Protobuf, apesar de eficiente, requer que os desenvolvedores aprendam e mantenham o esquema dos dados em arquivos .proto.
Em resumo, gRPC é uma excelente escolha quando a performance e a eficiência são cruciais, como em ambientes de microserviços de alta escala.
Principais Diferenças entre REST, GraphQL e gRPC
Cada uma dessas tecnologias possui características distintas que as tornam mais adequadas para diferentes tipos de aplicações. Vamos comparar REST, GraphQL e gRPC nos aspectos de protocolo, performance, flexibilidade e uso de recursos:
- Protocolo: REST utiliza HTTP/1.1, GraphQL também opera sobre HTTP, mas gRPC utiliza HTTP/2, que suporta multiplexação de streams, compressão de cabeçalhos e mantém conexões persistentes, resultando em uma comunicação mais eficiente;
- Performance: gRPC, com sua compactação de dados e suporte ao HTTP/2, oferece a melhor performance em termos de latência e consumo de banda. REST, por outro lado, é menos eficiente devido ao overhead dos headers HTTP e à falta de compactação. GraphQL melhora a performance ao evitar over-fetching de dados, mas pode sobrecarregar o servidor com consultas complexas;
- Flexibilidade: GraphQL ganha de longe em flexibilidade, permitindo ao cliente especificar exatamente quais dados deseja. REST é fixo, retornando sempre os mesmos dados para cada endpoint. gRPC, apesar de poderoso, é mais rígido devido ao seu esquema de dados definido em Protobuf;
- Uso de Recursos: REST é a escolha mais simples e universal, suportada por qualquer ambiente que trabalhe com HTTP. GraphQL é excelente para interfaces complexas e aplicações com necessidades dinâmicas de dados. gRPC é a melhor opção para comunicação eficiente entre microserviços, especialmente em sistemas distribuídos em larga escala;
Cenários de Aplicação
Escolher entre REST, GraphQL e gRPC depende muito das necessidades do seu projeto. Aqui estão algumas recomendações para cenários comuns:
- APIs Públicas: REST é o padrão de fato para APIs públicas devido à sua simplicidade, universalidade e facilidade de integração. Ele é bem suportado e compreendido, o que facilita a adoção por desenvolvedores em todo o mundo;
- Aplicações Front-End Complexas: Se sua aplicação front-end precisa de dados complexos e variados, GraphQL pode ser a melhor escolha. Ele permite que o cliente solicite apenas os dados necessários, o que é ótimo para evitar cargas excessivas na rede e melhorar a responsividade;
- Microserviços: Em sistemas onde microserviços se comunicam frequentemente e a performance é crítica, gRPC é a melhor opção. Sua eficiência em termos de latência e uso de recursos faz dele uma escolha superior para comunicação inter-serviços;
- Ambientes de Baixa Latência: Para aplicações em tempo real, como streaming de vídeo, gRPC novamente se destaca por suas capacidades de streaming bidirecional e baixa latência.
Conclusão
Em resumo, REST, GraphQL e gRPC são ferramentas poderosas, cada uma com seus pontos fortes e fracos. A escolha certa depende do contexto do seu projeto: REST para simplicidade e integração universal, GraphQL para flexibilidade e eficiência em dados, e gRPC para alta performance e comunicação entre microserviços.
Eu criei um projeto simples que utiliza um sistema Cliente-Servidor utilizando estas três abordagens. Clique aqui para acessar meu repositório no GitHub.
Até!